segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Construção do Didgeridoo

Com origem na Austrália os didgeridoos tradicionais são produzidos a partir de troncos ou ramos de árvores endémicas em especial dos eucaliptos. Os artesãos, na recolha da matéria-prima têm que identificar uma árvore onde o tronco ou ramo esteja oco, não por apodrecimento da madeira mas sim pelo trabalho das térmitas no seu núcleo. Existem várias técnicas para identificar a árvore com a cavidade perfeita, desde conhecimento da paisagem, padrões de atividade das térmitas e teste de ressonância, tirando a casca da árvore e batendo com o nó dos dedos, com um machado ou com outro instrumento.
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Quando a árvore adequada é encontrada, é limpa, retirada a casca, as duas extremidades aparadas e o exterior trabalhado, tomando assim a forma do instrumento final. Antes de ser finalizado pode ser pintado por fora, ou deixado com a sua cor natural, no interior deve ser aplicado uma camada de protetor para isolar a madeira da saliva. Se o tamanho do bocal for demasiado grande, pode ser aplicada cera de abelha, ou um aplique em madeira para permitir ao músico vedar com os lábios o bocal do instrumento. Esta é a forma tradicional de produzir este instrumento, até existe um certificado de autenticidade que nos permite saber que foi trabalhado por um artesão que utiliza as técnicas tradicionais na construção. Ao comprarmos um didge certificado para além de mantermos a tradição de construção deste instrumento, obtemos uma ressonância mais preenchida derivado às cavidades feitas pelas térmitas, à qualidade da madeira e acabamentos.
Com a colonização e mais recentemente, com a internet o didgeridoo foi ganhando o seu espaço por todo o Mundo. Com isto foi sendo adaptado e construído de formas e materiais diferentes, consoante a disponibilidade no local. Assim podemos encontrar agora didgeridoos de canas de bambu, Agave Angustifolia (piteira), árvores endémicas do país, fibra, vidro, PVC e até de rolos de papel. Esta ultima opção para a construção deste instrumento é um tanto quanto estranha, mas funciona, dos 3 didgeridoos que tenho um foi comprado e os outros dois foram construídos com rolos de papel. Sabendo que a densidade do material utilizado influencia o som emitido pelo instrumento, e que quando feito com madeira se deve utilizar madeiras mais densas para produzirem a ressonância necessária, então porque “raio” utilizar rolos de cartão... Também fiquei a pensar nisto, mas no YouTube tem uns vídeos de um músico Português, Rodrigo Viterbo a tocar num feito desta forma. Com mais algumas pesquisas descobri que com verniz aquoso a revestir o cartão, protege o material da humidade e enrijece-o permitindo ter a ressonância certa para este instrumento. Penso que em outro artigo já fiz referência a isto, o didgeridoo que comprei não é feito da madeira adequada, sendo o som produzido de inferior qualidade aos dois didges feitos por mim em rolos de cartão.


http://nave.pt/blog/2013/03/25/workshop-didgeridoo/ Sendo assim uma forma económica de se iniciar, e ao mesmo tempo ter um instrumento de melhor qualidade dos que encontramos à venda em feiras. Para além desta técnica, a de construção em tubos de canalização (em PVC) também é dito que a qualidade musical é equiparada a um de madeira (madeira certa para isto) e mantendo a parte económica. Esta última não posso explicar melhor dado que nunca fiz nenhum a partir deste material. Na próxima publicação explico como fazer o didge de rolos de cartão, com algumas fotos do meu segundo.










Links
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Bibliografia (Texto, Imagens e Vídeos)
NAVE
Wikipédia
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